domingo, 22 de junho de 2025

Lições do amor -

 Prólogo



O telefone tocou, eu estava arrumando os cadernos que ficaram espalhados depois que uma garotinha de uns doze anos me fez descer a prateleira toda atrás de um caderno com a foto do Justin Bieber. 

Alô" Sofia

" Oi sou Laerth, estou precisando de uma professora"

Uma voz grossa, soa do outro lado um pouco sem jeito mas sexy parece um homem mais velho e bonito. Animada com sua procura por uma professora mas apreensiva respondo.

" Ah, mas eu não sou pós graduada, se o senhor quiser mesmo assim podemos conversar"

Silêncio, meus deus o que será que eu fiz de errado? E sua voz soa outra vez mais firme.

Sim Sofia pode ser, podemos conversar?"

" Saio às 17h se puder passar na papelaria, angel podemos conversar na minha saída, nem acredito que poderei lecionar finalmente"

Fico  calma para feliz, e sinto o descontrair também.

" Certo Sofia, vou esperar você na saída"

Escuto isso e sinto um friozinho na barriga do tipo, um homem vai me esperar! Isso nunca aconteceu antes, é como se eu fosse importante para alguém, fantasio um lindo homem que me esperará e beijara minha mão. Um príncipe.

Perto das cinco sinto ansiedade, uma proposta de serviço está a caminho e de um homem que eu não conheço mas senti ser uma boa pessoa, apenas muito preocupado em encontrar uma professora.

Vou ao banheiro refaço meu rabo de cavalo, passo um brilho nos lábios que por sorte eu tinha na bolsa, apesar de não possuir quase nenhuma maquiagem este me resta, um presente de uma amiga. Raquely que saudade dela. Sorrio para o espelho com a lembrança.

Confiro se as luzes estão todas apagadas, pego o cadeado e saio para fora, com certeza ele está me esperando. Respiro fundo e sigo em ferente.

Saio para fora para puxar o portão da loja, e parece que hoje está emperrado, que saco vou ficar toda suada tentando baixá-lo sempre que chove ele emperra.

Puxo uma, duas e na terceira uma mão grande, um pouco calejada me intercepta para oferecer ajuda.

" Posso lhe ajudar?"

Subo meu olhar para espiar timidamente quem esta me oferecendo ajuda. Um par de olhos azuis claríssimos, quase prata me olham sorridentes, a pele clara e os cabelos loiro natural bem cortados e um pouco amassados por conta do chapéu que agora se encontra em sua mão. Tento lhe sorrir sinto minhas mãos suadas, ele é bonito, simpático um estilo de boiadeiro.

" Claro, mas é bem difícil baixar essa porta depois que chove, ela fica pre... " nem termino e a porta esta abaixo quase fechada e ele me fita a espera do que deve fazer, fico corada e sem graça pois ia dizer que ele poderia não conseguir. 

" Poxa eu ia explicar que ela estava presa, mas você é bom nisso, então deixe-me por o cadeado agora e estarei livre"

" Eu costumo fechar os galpões da fazenda e eles sofrem do mesmo problema, então aprendi me virar, mas um lubrificante pode deixá-la mais leve."

De repente me vejo hipnotizada nos olhos dele, apreciando sua voz e sua presença como se todo conjunto me trouxesse paz. Suspiro e ele também está preso  ao me olhar e ficamos num silêncio constrangedor.

" Bem tenho que ir, sou Sofia e agradeço sua ajuda"

" Oi Sofia, prazer em conhecê-la, sou Laerth acho que falei com você por telefone, eu estava te esperando a uns vinte minutos não achei muito o que fazer na cidade e precisava muito resolver essa questão"

" Na cidade?"

" Sim sou da fazenda Strong Horse, vamos sentar em algum lugar tomar um suco e explico tudo."

Ele abre a porta do seu carro, e seguimos para uma lanchonete no bairro vizinho, chegamos e fazemos os pedidos. Então ele prossegue.

 "Sofia eu preciso de uma professora para substituir a Dona Marisa que afastada em quinze dias"

" Ah, sim entendo agora"

Penso na oportunidade de trabalho, na distância e que vou parar de sentir medo do meu pai, dos traficantes, e isso é um milagre o trabalho dos meus sonhos e ficar longe daqui, perco a fala em duvida se isso é algum tipo de alucinação.

" Se for longe é só dizer eu procuro outra professora..."

" De forma alguma eu aceito o trabalho, só me dê uns dois dias vou avisar meu patrão e arrumar minhas coisas para ir, quer dizer você pode me buscar Laerth?"

" Claro, você pode me ligar e eu venho, espero que não esteja privando você da sua vida levando-a tão jovem para fazenda, sei que as garotas gostam de shopping, cinema, e passeios posso trazer você e deixá-la a vontade aqui nas suas folgas"

" Eu não sou assim Laerth, você está me levando para meu sonho... finalmente terei alunos as outras coisas que eu precisar resolver fora da fazenda e faço mensalmente se você puder me trazer e se não houver mercados lá"

" Infelizmente não há, leve os itens necessário Sofia a fazenda fica a cerca de oitenta km daqui então não venho muito, faço compras mensalmente também"

Ele me sorri, e sinto minha boca ficar seca, não vejo a hora de ir na fazenda com Laerth. 

" Já ia me esquecendo, seu salário vai respeitar o piso e terá alguns benefícios extras"

" Fico grata Laerth espero poder ser  útil para a escola da sua fazenda."

" Oh não; não é minha eu estou cuidando dela por hora. Sou o veterinário de lá"

Sorrio, pareço soltar o ar aliviada seremos colegas de serviço, ele não é meu futuro patrão só não sei porque me senti melhor com a constatação.

Ele me oferece a mão em despedida e o abraço em gratidão pelo trabalho ele fica um pouco tenso, e depois se solta o ar e me abraça com todo respeito mas é inevitável sentir o calor de suas mãos e achar agradável.

Laerth



Acabo de me despedir da garota e me sinto estranho. Bem não é como se eu ficasse abraçando moças por aí, estou me sentindo um aproveitador. Se bem que eu só retribui; sorrio com a lembrança, ela é bem agradável, do tipo meiga, diacho de pensamento, tanta coisa pra fazer e eu entretido nos encantos da nova professora; melhor eu parar de bobagem, com certeza já tem um marmanjo por aí, namorado ou noivo até, porque não? Esse pensamento na tentativa de me controlar me esmorece, na verdade todo mundo tem seu par, mas como dizia minha mãe, você não é todo mundo filho. E cá estou eu, sozinho nesse tremenda estrada de terra sem fim. Pelo menos ela aceitou é um alívio, dificilmente encontraria uma professora disposta a ir morar na fazenda para lecionar.
Só espero que ela não desista...

Trabalho duro durante dois dias, cargas de ração para os animais, vacinas, venda de um lote de bois, investir em produção de leite. É tanta coisa na cabeça que acho que vou enlouquecer. A tarde tomo um banho e decido ver com Marlon como estão as coisas. Chego lá e o encontro parecendo um zumbi, corpo presente e alma ausente. Então chamo sua atenção.

_____ Patrão... Patrão??
_____ Ãhm. Ele me olha assustado.
____ Homem você precisa melhorar esse astral, tá muito deprimido, irritado, sei lá, cheio de olheiras e nem come direito. Porque não vai atrás da sua mulher?
____ Não dá; meu velho disse que é vergonhoso, além do mais ela disse que me odeia.
_____ Odeia nada, aquela moça até baba olhando você, até parece que você não percebe, e na cama ela te rejeita por acaso? Viaja novamente...
_____ Oi. Estalo os dedos na sua cara, estava com cara de bobo divagando. __ Pela sua cara não te rejeita, mas ela é moça fácil então? Solto meio malicioso, ele fica com raiva.
____ Não é nada disso seu idiota, fui o único homem que pôs as mãos nela, fica irado comigo. E diz algo chocante para uma moça da cidade.
_____ Único homem dela? E tá esperando o que,aqui? A fila andar?
Porque juro que se você não for buscar a moça vou eu. Digo agora irritado com ele, onde já se viu largar a mulher dele, que foi só dele e nenhum outro, isso é privilégio de poucos hoje em dia.
____ Não é assim Laerth, ela quer trabalhar fora é por isso que a gente briga.
_____ A gente? Se toca, você fica obrigando a moça estudada lavar pratos, o mundo mudou sabia, além do que, pense comigo se você gosta da fazenda e ela quer que você seja advogado, use terno e gravata você iria gostar? Pior que isso, se você estudasse, quatro, cinco anos e fosse um sonho sua profissão, assim como era quando se formou administrador e queria cuidar da fazenda, como se sentiria, cuidando do quintal da casa, trocando torneira, chuveiro e lâmpadas sendo um bom "marido"
Levo meu patrão, antes de mais nada amigo acordar para vida, ele ama a esposa, não pode desistir por machismo.
____ O que eu faço cara?
____ Antes preciso saber se você entendeu o que ela sente quando se submeteu a suas regras?
____ Sim, estou me sentindo um monstro por passar por cima dela assim, eu queria que o dinheiro fosse suficiente pra ela, sou um idiota...
_____ Dinheiro seria para Ritinha meu caro, mas sua Grace está em outro patamar. Ele concorda.
____ Eu nunca senti isso Laerth, não durmo e não como de tanta falta dela que sinto.
____ Isso é amor patrão e desses que duram para sempre.
____ Como você sabe? Diz desconfiado.
____ Meu pai ficou assim pela minha mãe, até que resolveu pedir perdão e ficaram juntos, e estão até hoje.

Saio e o deixo, Certo de que ajudei. Meu telefone toca, e o nome Sofia/ professorinha se ilumina na tela, sorrio pelo pseudônimo que usei, passaram dois dias ela deve estar pronta para vir.

____ Alô.
____ Oi Laerth, aqui é a Sofia, estou ligando para avisar que está tudo certo para me mudar para fazenda, pode vir me buscar, se você puder Claro. Ela é delicada até com as palavras, toda educada, eu fico flutuante com a voz de anja dela, o droga de pensamento mais besta.
_____ Sim foi o que combinamos Sofia, como já passa das seis, eu vou amanhã, pode ser?
____ Amanhã? Sua vozinha fica muxoxa, ela desanima. Então não me contenho de vontade de buscá-la e mudo de idéia.
____ Bem por posso ir agora mesmo, mas a viagem é cansativa, já vou avisando.
____ Eu não me importo Laerth, estou ansiosa para ir conhecer meu novo lar.
Quando ela fala, me toco que não providenciei a casa, e me irrito, então tenho a ideia de deixar ela dormir em casa para resolver isso amanhã.
____ Então me aguarde, em cerca de uma hora e meia eu chego. Ela sorri e sua despedida é de amolecer o coração.
____ Venha com cuidado Laerth, vou fazer um café para te esperar.
Não sei porque me sinto mexido com aquilo, alguém me espera, se alegrará com minha chegada. Ela é tão linda que não consigo deixar de sorrir como um idiota por isso. Coloco meu chapéu, ligo meu carro, e aciono meu som com Shania Twain. Vou buscar a professora.


caso esteja gostando comente e peça mais capítulos.

Capítulo 3

Pego meu telefone umas três vezes e desisto, talvez seja melhor ligar amanhã, mas começa a acabar o dia e penso na noite, no medo que tenho dos traficantes virem atrás de mim por causa da divida do meu pai; pronto isso é um turbilhão de coragem.Disco sem pensar, nem sentir medo ou vergonha só penso no refúgio que a fazenda será.

____ Alô. Escuto a voz grossa e meio rouca dele, até sinto um leve arrepio ele mexe algo em mim. Desperto e falo com ele.
____ Oi Laerth, aqui é a Sofia, estou ligando para avisar que está tudo certo para me mudar para fazenda, pode vir me buscar, se você puder Claro.Estou insegura e não consigo evitar de transparecer isso em nossa conversa.
_____ Sim foi o que combinamos Sofia, como já passa das seis, eu vou amanhã, pode ser?
____ Amanhã? Fico um pouco angustiada e me sinto contrariada e confusa; mas ele muda de ideia, por sorte.
____ Bem posso ir agora mesmo, mas a viagem é cansativa, já vou avisando. Me alegro.
____ Eu não me importo Laerth, estou ansiosa para ir conhecer meu novo lar, demonstro uma empolgação que quando eu parar pra pensar vou ficar envergonhada.
____ Então me aguarde, em cerca de uma hora e meia eu chego. Tento ser agradável, já que ele estava trabalhando pesado e se dispôs a vir me buscar mesmo assim.
____ Venha com cuidado Laerth, vou fazer um café para te esperar.
____ Eu vou gostar. Ele diz e parece sorrir, eu fico meio empolgada agora mas já esqueci a fuga e penso no homem o qual espero, lindo, simpático e agradável; daqueles que você quer ficar sendo gentil; fazer ele ficar confortável, na verdade ele é jovem mas maduro acredito que tenha menos de trinta, mas o esforço do trabalho já reflete nas preguinhas perto do olho quando sorri mesmo assim aqueles olhos azuis me deixa encantada e procuro ser natural ou vou parecer uma assanhada. Ah Laerth vai ser difícil disfarçar que sou imune a seu charme! Suspiro. Talvez seja a primeira vez depois das paixões de colegial que penso em um homem assim, sempre pensando em trabalho, e despesas não sobra tempo pra romance, quem namoraria alguém que mal tempo ou dinheiro para um shopping ou roupas novas? Sinto um nó na garganta em pensar na minha vida miserável.

Passo o café, arrumo a mesa, quando me posiciono para olhar a mesa escuto o motor da caminhonete; sinto as mãos suadas e um leve palpitar no coração, fico feliz.

Caminho rápido até o portão e vejo ele acionar o alarme enquanto ajeita o chapéu, e uma cena bonita não me manifesto, espero ele olhar para o portão. Assim que ele ergue a cabeça, sorri daquele jeito de bom menino e devolvo a gentileza.

__ Oi Sofia, espero ter vindo rápido.

__ Oi Laerth, veio sim, entra. Ele assente e passa por mim, e seu cheiro de fragrância amadeirada junto ao seu próprio cheiro chega a mim de modo que sinto borboletas no estômago, e me estranho; afinal isso mais parece acontecimento de um romance e não estamos nem perto disso.

___ Só isso Sofia? Ele me pergunta olhando minha pouca bagagem no sofá de canto no oposto do balcão da cozinha, onde seria uma sala mas não tem TV. Eu encolho meus ombros, sem saber se é vergonhoso ter tão poucos pertences.

__ Bem, é sim só isso.

__ Ótimo, é terrível aquelas garotas que faltam levar guarda-sol e nos fazem carregar cada pequena necessaire, achando isso o máximo, você é uma pessoa prática e com certeza sabe que uma garota bonita não precisa de tantas malas. Ele se redime e fecha com uma piscadela e eu coro, acabo de ser chamada de bonita e isso me constrange, nunca aconteceu, ou não era relevante, mas agora fico tão sem jeito. O que é que Laerth tem de diferente?

___ Bem isso eu sou, prática e comedida, afinal nem sempre se tem o bolso cheio não é mesmo.

Ele concorda, e passa uma nuvem rápida de compreensão pelos seus lindos olhos azuis, mas ele não demonstra pena ou compaixão mas força e eu estou gostando dele ser assim.

___ Agora terá um bom salario e acho que terá mais oportunidade de aumentar as malas e assim é a vida um degrau de cada vez, quando não conquistamos não damos valor Sofia, é assim que funciona.

___ Bem venha, posso te servir? Ele concorda. Coloco café, biscoitos e queijo num pratinho para ele, espero que ele goste.

___ Uhm Sofia, seu café é delicioso, vou comer os biscoitinhos e o queijo pois estou faminto e confesso que estou grato pela sua oferta, só me alimente no almoço hoje, Venha sente-se comigo. Eu sorrio com a simplicidade tão agradável de Laerth e me sirvo de café também e em breve terminamos e ele agradece outra vez. Vou recolhendo as coisas da mesa e ele vai levando minhas coisas, sinto uma paz, um prenúncio de felicidade e não sei se por me livrar do medo ou pela oportunidade de lecionar pela primeira vez.

Subimos na caminhonete, e o cinto não colabora de forma que eu preciso da ajuda dele.

___ Deixa que eu te ajudo esta meio emperrado por conta da poeira. Ele toca minha mão e sinto a pele áspera e quente me tocar e ao mesmo tempo seu jeito cauteloso e cheio de respeito, ficamos um segundo daqueles eternos em que nossos olhos se prendem e não enxergamos mais nada, não sinto medo ou timidez, só que estou no lugar certo. Ele ajusta e prende o dorso da mão toca minha barriga de forma involuntária e ele cora; acho tão fofo. Laerth é o rude mais cavalheiro que já vi.

 Capítulo Quatro

Laerth

Já fazem dias que trouxe Sofia e ela já esta devidamente instalada numa das casas para funcionários da fazenda. Meu instinto pessimista esperou com angústia ela bater na porta do escritório para pedir para que eu a leve para cidade, afinal ela é jovem e promissora não acreditei que fosse se acomodar nesse fim de mundo; que eu amo, porque o verde e os animais são meu grande amor, o sonho que construí desde muito pequeno cavalgando pelos pastos.

Uma batida na porta me desperta, porta que esta aberta, levanto a cabeça para ver que ela apareceu, e infelizmente vou ter que aceitar o que ela me pedir, eu sabia que não seria fácil, já me vejo de jaleco e óculos levando boladas de papel da criançada e desviando dos aviões de papel, onde vou achar outra professora?

____ Oi Laerth, atrapalho? depende se for pra me deixar na mão, sim. é o que penso.

____ Não de forma alguma, precisa de algo? frase clichê de quem não tem ideia do que ela faz na minha porta, com esse cabelo esvoaçante e esse boca rosada, o diacho que difícil me concentrar!

____ Na verdade não, só estava meio sem ter o que fazer e lembrei que você me contou que estava com muito trabalho no escritório, e vim te ajudar, é ... hum, se quiser é claro; não tenho nada pra fazer; amanhã é sábado então não tenho que preparar nada para aula. Querer não é uma opção, realmente eu preciso muito, é só focar no trabalho porque juro que se ela se aproximar mais eu vou ficar com cara de bobo só olhando pra ela, droga; me sinto com quinze anos outra vez.

___ Claro, eu estou mesmo cheio de trabalho, estou quase colocando um colchão, comida e água ali no cantinho, tem momentos que não sei o que priorizo. Ela solta aquela risada tão gostosa de ouvir, que sinto vontade de ficar fazendo graça pra ver outra vez.

___ Por onde eu começo?

Perco um pouco a noção de como usar a ajuda dela, prestando atenção no jeitinho dela, mas então a realidade me assola e me apresso, afinal não é comum alguém me oferecer ajuda, então mostro a ela o ficheiro de vacinas e peço que ela organize por data e selecione as com um ano vencido, e fico com o balanço dos gastos.

Meu aparelho toca sobre a mesa, e vejo Marlon na tela, atendo rápido nunca se sabe o que aquele maluco pode estar fazendo.

____ E aí irmão, como vai?

Marlon vai falando, e passo as orientações do tipo de ração e as vacinas então nos despedimos e quando olho na minha mesa o ficheiro esta organizado e tem um marcador em algumas fichas. Nada de Sofia, fico sem graça, nem pude agradecer, mas como meu trabalho me conformo e volto a mexer na minha papelada, estou aliviado por ela não pedir demissão. Me distraio com as anotações e desperto com o ranger da porta de entrada. Ela voltou, sorridente com sacolas nas mãos, e paro o que estou fazendo, afinal a curiosidade é maior nesse momento.
____ Oi voltei, estava com fome e vendo quanto trabalho ainda tínhamos, resolvi fazer uma pausa para nosso lanche. Olha trouxe sanduíches, suco e bolo de chocolate. Sorrio, ela é bem fofa ao se preocupar comigo.

____ Poxa que secretaria eficiente, assim fico mal acostumado.

Ela sorri e cora um pouco mas não acho que tenha dito nada demais.

Ele vai até a cozinha  e eu faminto a sigo sem convite, ela coloca as sacolas no balcão e segue para as gavetas, creio eu, esteja procurando uma toalha. De repente ela abre demais para pegar algo e a gaveta cede, no reflexo, para protegê-la, salto sobre ela para segurar a gaveta. Minha mão direita consegue chegar a tempo, mas Sofia perde o equilíbrio e se apoia em meu peito, os cabelos balançam de forma que pincelam meu rosto. Tudo acontece tão rápido e ao mesmo tempo sinto como se o relógio estagnasse e só houvesse nós dois, minha mão a segurando pela cintura a outra nem sei mais o que segura, seus olhos brilhantes fixo nos meus, e o perfume doce e suave dos cabelos, nossas respirações se misturando. Ela também sentiu, mas é cedo para um avanço.

Levantamos meio atrapalhados, mas sorrio para quebrar o clima e não dar a entender que fiz isso por outras intenções, que só descobri quando nos aproximamos e me contive para não beijar Sofia. Na verdade não sei se ela me aceitaria, no mínimo sou dez anos mais velho, talvez eu passe vergonha, nunca fui bom com a arte da conquista.

____ Desculpe Laerth, por sorte você é bem atento, ou deceparia o dedo do pé. Ela fala no modo sério e irreverente, e gargalhamos juntos do exagero dela e fico feliz por ela dissipar esse clima fora de hora, infelizmente.

Colocamos a mesa, lanchamos e ela se mostra muito eficiente, com a papelada e eu agradeço aos céus por enviarem esse anjo em meu socorro.

Na hora de ir pra casa, eu a levo porque está tarde, na fazenda é tudo escuro e não se deixa uma dama ir pra casa sozinha.

Ela entra no meu carro, e ameaça colocar o cinto e me lembro da primeira vez, então faço um gesto com a mão que não é preciso, pelo menos aqui dentro da fazenda.

Minha vontade e levar Sofia comigo, mas não posso então me despeço, desço do carro para acompanhá-la e me inclino para um beijo no rosto de despedida, ela teve a mesma ideia e acabamos nos beijando na boca, não sei como aconteceu. Mas não nos causa constrangimento, ela sorri e eu também, então ela entra e minha boca fica seca pedindo mais daquele doce beijo.

Foi o melhor dia de trabalho  em muito tempo.

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" |Nada como um doce romance para despertar bons sonhos."😘😘😘

Capítulo - 5



Sofia

As crianças chegam animadas, se organizam e logo estou escrevendo a pauta na lousa, onde é listado as atividades do dia e  eles copiam em seus cadernos de agenda. faço a leitura e corrigimos a lição, hoje estou meio flutuando com aquele beijo involuntário que trocamos na porta de casa, passei sábado e domingo organizando minhas coisas e relembrando aquele momento curto e mágico; no entanto achei melhor ficar na minha, me despedi vestida de uma mascara de tranquilidade e sorri. Meu coração quase saiu pela boca e minha vontade era me pendurar em seu pescoço.  Não sei se é atração ou algum sentimento sendo despertado, é bom e desesperador porque as vezes não sei como agir, tenho medo da minha imaginação me iludir demais. 

Chegou a hora do intervalo e saio para o pátio das crianças. Sento junto ao murinho debaixo da arvore para vê-las brincar, quando sinto uma mão no ombro, e simplesmente sei que é ele.

___ Oi, bom dia professora. Ele diz, com aquele sorriso bonito e sem perceber estou sorrindo pra ele, feliz por vê-lo.

___ Oi Laerth, bom dia. Me coloco em pé e ele estende uma rosa pra mim, dessas cor de rosa mesmo, linda ainda semi abrindo, borboletas abrem voo em meu estômago, o que será isso?

___ Que linda flor, obrigada.

____ Vim avisar você, que Marlon chega hoje com Grace e a bebezinha, vamos recebê-los?

____ Claro.

____ Na verdade eu preciso que me ajude organizar uma festinha de boas vindas, você me ajuda?

_____ Sem dúvida, se for algo simples como festinha de escola, não sou muito especialista nisso.

____ Está ótimo, venho te buscar na saída da aula precisamos comprar uns balões eu acho. Ele fica pensativo meio perdido e depois conclui. - comprar coisas para a festa e você vai escolher tudo bem?

___ Está certo tudo bem, eu vou gostar. Ele me olha no fundo dos olhos e vejo um brilho diferente, admiração, ou alegria não sei, algum tipo de satisfação.

____ Almoça comigo na cidade então? Ele me pega desprevenida e até me falta ar, então concordo sem voz, me concentrando em dizer a mim mesma que é só necessário não é um encontro, não é um encontro!

Mas Laerth me estende a mão e seguro, então ele vira o dorso e deposita um beijo.

____ Até mais senhorita Sofia. Desfere me uma piscadela de olhos azuis brincalhões e me derreto como calda de pudim com o toque dele, o beijo e esse jeito despretensioso com que ele age.

Fico como uma boba olhando ele partir, ele entra no carro e ergue o chapéu em despedida, é um movimento simples mas nele fica tão charmoso, acho ele todo lindo.

Ao fim da aula as crianças se despedem, criança de áreas rurais tem um respeito e um amor pela professora que se destaca.

____ Tchau professora, amanhã trago uma flor pra você mais bonita que essa. Jadson me aponta ela no copo e sorrio alem de tudo são competitivos pela nossa atenção.

____ Ah eu vou gostar. Digo e beijo seu rostinho ele sai todo animado.

Arrumo meus cadernos e pastas, quando fecho minha bolsa percebo a sombra alta na porta e me viro para vê-lo parado me aguardando. Me ponho a caminhar pra ele e dizemos juntos.

____ Vamos!?

Rimos da nossa sincronia e ela morre com a forma que nos encaramos, perdendo a graça para ganhar a intensidade de um sentimento  que não sabemos disfarçar nem agir mediante a exaltação dele entre nós, ele caminha e o acompanho ele abre a porta pra mim e fecha, me sinto num dos livros de romance da Mônica Cristina, sorrio com o pensamento. Enquanto ele dá a volta no carro e se põe a dirigir para cidade, num dado momento ele quebra o silencio e pede que ligue o som.

Faço o que ele pede e vamos ouvindo uma rádio local, com música Country. 

____ E sua família Sof  como é? Ele pergunta como se estivesse pensando nisso a algum tempo. Eu não sei como responder, mas prefiro optar pela verdade.

____ Família pequena, sem irmãos, mãe falecida desde meus dezesseis quando meu pai passou de bebida pra vícios mais pesados e ficou devendo para um traficante, bem o resto você já deve imaginar, tive que me afastar dele, ainda com dezoito quando quase quebraram a porta da minha antiga casa e levaram tudo que puderam, TV, computador, ventilador, home theater  eu fugi desesperada e uma senhorinha muito gentil que trabalha na faculdade me cedeu uma casa nos fundos e indicou um emprego, ela me diz que era uma das poucas que conversava com ela tadinha.

____ Caramba,  que historia Sof, não imaginei que você uma garota tão delicada tivesse essa garra para para lutar para ter uma vida melhor, e sinto muito pelo seu pai, espero que ele mude.

____ Agradeço sua preocupação e sim foi uma luta até você aparecer, depois ficou tão leve; tudo que eu queria era lecionar e não me preocupar e você trouxe os dois para minha vida, tenho até medo quando a licença da professora acabar, e ter que voltar, nem sei onde.

Nesse momento que me entrego a angústia de deixar a fazenda, ele segura minha  mão, desacelera e beija a numa leve carícia prometendo que vai dar um jeito, apenas concordo triste demais para qualquer reação, apesar do meu coração acelerado pelo seu toque.

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Espero que gostem!










 


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