domingo, 22 de junho de 2025

Chefe irresístivel

 

Capítulo 1 - Prólogo.



SERENA

Harry acorda chorando de madrugada e quero chorar junto, é tão difícil ser mãe solteira, gostaria de dormir pelo menos as seis horas que tenho livre. Não tem sido fácil trabalhar em dois restaurantes para sustentar-nos, mas eu não mudaria nada na minha vida, amo meu filho com todo meu coração e nunca faria nada sem ele, é tão maravilhoso o tempo que temos juntos, das dezenove as vinte e uma da noite, após isso dona Neusa atende ele para mim enquanto tomo um carro e atravesso a cidade para lavar os pratos e limpar o restaurante no final do período, chego depois da meia noite e me levanto seis e meia em ponto, arrumo a bolsa com roupas e mamadeira do Harry e levo ele na creche que não aceita atrasos embora eu pague caro por ela.

Suspiro fundo, levando e confiro sua temperatura, a não acredito, o que você tem meu amorzinho? Me desculpa por reclamar de acordar, você está doente.

Coloco o termômetro e o resultado e trinta e oito graus, o que eu faço? É tão difícil criá-lo sozinho.

Chamo um carro e o levo para o pronto socorro mais próximo, ciente de que vai me fazer falta esse dinheiro.

Meu filho é atendido e o diagnóstico é garganta inflamada, gripe forte, estou mais aliviada por ele ter recebido a primeira dose do medicamento aqui e já estar melhor agora.

Harry recebe alta e saímos do pronto socorro as sete da manhã, hoje não vou trabalhar no restaurante, sinto muito, mas vou cuidar do meu filho.

É exatamente isso que faço, passo o dia mimando meu príncipe, faço uma comida bem molinha pra não doer sua garganta, coloco um filme infantil na TV e ele gosta, ri, fala sobre os personagens.

_ Peicinho mãe, olha qui lindo.

Sorrio, procurando Nemo é um filme que sempre gostei de assistir e estou ensinando meu garotinho.

Recebo uma mensagem e vejo que é do meu patrão de meio período.

"Fica tranquila Sere, cuida do baixinho, darei um jeito aqui, vê se procura o inútil do pai dele para ajudar nas despesas!"

Jobs meu patrão do turno da noite é alegre, humano e totalmente compreensivo, pai de gêmeos não me pressiona nunca, já Morgan parece odiar todo mundo é severo e julga tudo com maldade.

Quase gargalhado, mas coloco a mão na boca quando vejo Harry dormindo apoiado na almofada. Acaricio seu cabelinho, e fico velando seu sono.

Meu patrão é gente boa, mas não faz ideia do quanto Philip é imaturo e egoísta, quando saí com ele para mudar minha rotina entediante, me achando a princesa do filho rico do patrão, não imaginei que ele me deixaria bêbada para aproveitar de mim, ele é um abusador nojento que não gosto nem de lembrar quando acordei nua em sua cama, foi horrível, tive nojo de mim, depois dele, foram meses para superar a culpa que nunca foi minha. Quando estava me conformando veio a descoberta da gravidez, chorei muito, depois pedi perdão ao meu filho. E então veio o amor sem medidas que sinto por esse pequeno.

Aproveito para dar mais uma faxina da no meu minúsculo apartamento, bem não é que os outros sejam maiores, mas a casa dos meus pais no México é grande, confortável e cheia de gente, minha família faz parte de um Clã de motoqueiros, então nunca há silêncio ou privacidade, eu comecei me incomodar na adolescência e quando quis a minha privacidade, estudar um Nova York era meu sonho, nem sabia qual curso, e agora, somente agora depois de ser mãe estou terminando minha especialização em secretariado, é simples, eu sei, mas com as despesas do Harry não sobra muito para os estudos, por sorte trabalho em dois lugares para conseguir, mas se Deus quiser vou trabalhar num grande escritório um dia e oferecer ótimas condições ao meu bebê e respirar mais tranquila. Não é saudável ficar desesperada cada vez que precisamos de um médico, por conta das despesas.

...

Entro apressada no restaurante pelos fundos, orando pra não ser demitida, vinte minutos de atraso, é o que me aflige, tudo por causa de um engomadinho que resolveu dar chilique e atrasar todos mundo, com sua crise de consciência e proteção aos animais. Eu amo animais, mas não acredito que ficar fazendo protesto no metrô, ajude-os realmente, pra mim isso é jeito de chamar atenção, coisa de gente carente. Porque eles não saem recolhendo os bichos da rua se estão comovidos.

Me esgueiro devagar para o canto da cozinha, por sorte ninguém nota, me misturo ao pessoal e começo lavar os pratos. O dia parecia atribulado, com aquela aura de que algo vai dar errado e do qual você não tem domínio, e quanto mais você se esconde, mais a falta de sorte te encontra. Não bastasse Harry ficar doente e ter que gastar o dinheiro que não tenho, chegar atrasada no serviço ainda sou solicitada na área dos clientes, motivo: servir as mesas, Will não está bem hoje.

Tiro os olhos do meu umbigo e me disponho a trabalhar em seu lugar, afinal ninguém escolhe adoecer.

Sirvo incontáveis mesas, pessoas saem outras entram, o movimento está caótico, não sei se sirvo, ou limpo as mesas livres para os próximos clientes. Tudo acontece rápido demais e sei que é meu fim. O azeite cai, espirrando gotas do seu conteúdo na blusa de seda chique de uma madame nariz empinado.

_ Sua imbecil, faça seu serviço direito, olha o que você fez, não vou pagar a refeição, que lugar péssimo...

E desse momento em diante foram ofensas de várias pessoas, amigas, meu patrão, olhares reprovadores de outros clientes, eu só queria um buraco para enfiar a minha cara de tacho, quero chorar, o choque não me permite ter alguma reação.

_ Está demitida Serena, passe amanhã receber seu pagamento semanal. Morgan grita comigo no meio do salão.

Nesse momento desperto, saio o mais rápido que posso, jogo o avental de qualquer jeito e pego minha bolsa, chego a um ponto de ônibus, que nem sei para onde vai e sento-me. E sem poder mais me segurar, as lágrimas por toda essa pressão em minha vida, rolam sem permissão, perco o controle, soluço.

Um mão suave esfrega meu ombro, um perfume agradável e doce chega ao meu olfato, a voz de uma boa mãe, soa apaziguadora de todo desespero que se apossa de mim.

_ Filha se acalma, venha comigo, eu vou te ajudar.

Olho para quem fala comigo e vejo um semblante amigável e gentil, do tipo que nunca escuta um não. Envergonhada por assustá-la, seco meu rosto e me retrato.

_ Me desculpa, eu estou num momento ruim.

_ Não tem problema, nós somos humanos mocinha, você pode chorar, só não pode ficar desamparada num momento desses, aceita um chá.

Afirmo, talvez um chá seja tudo que eu preciso para processar meu desemprego.

...

_ Então, me deixa ver se entendi, seu patrão te demitiu por um cliente que ele nem conhece, por um acidente?

_ Exatamente.

_ E você cria seu filho sozinha?

_ Isso mesmo, Harry é só meu, o pai nunca quis nem conhecê-lo.

_ Bom Serena, assim que eu souber de um lugar onde possa trabalhar eu te ligo me deixa seu número.

_ Ah, obrigada dona Oriana, a senhora é um anjo.

Sua risada ecoa e saímos juntas do café, onde tomamos um chá. Desde então Oriana me ajuda em algumas emergências, jurando que vai aceitar o pagamento, mas só quando não for fazer falta a Harry. E por ele engulo meu orgulho.

Capítulo 2 - O chute.

CRISTHIAN 

Entro no meu carro e dirijo até o restaurante almoçar, de repente mudo de ideia e vou para outro lugar fazer minha refeição, um restaurante que as vezes Mara insiste em ir, porque é um lugar "bem frequentado" segundo ela. Não fui criado desta forma, vejo o quanto ela é fútil em alguns momentos, mas também reconheço que as pessoas não são perfeitas.

Estaciono no palace real, o manobrista se encarrega de colocar meu carro na sombra. Atravesso a porta automática de vidro, e escolho uma mesa, sabendo que em menos de cinco minutos serei atendido. Luxos dos quais desfruto vez ou outra.

O garçom se aproxima.

_ Senhor seja bem vindo, faça sua escolha, este é o menu de hoje.

Me entrega um tablet com as opções e seleciono uma massa, um molho, um filé, e uma salada, escutando em minha cabeça mamãe avisar que não pode comer sem uma salada por conta das fibras.

Me distraído olhando o mercado financeiro, quando escuto um riso familiar, uma voz masculina também conhecida.

Olho para a direção que o som me atrai e qual não é minha surpresa quando vejo minha noiva, um investidor da ATC recente, o senhor Oswaldo Maya. Continuo retesado no lugar, sem poder acreditar, ele a toca de forma indiscreta, nas pernas, na cintura e ela ri e alisa a sua camisa sensualmente, como uma vadia.
O sangue sobe nas têmporas, respiro fundo não posso fazer um escândalo, então ele a beija, como um casal normal, trocam carinhos.

Primeiro fico enojado, Mara é no mínimo vinte e cinco anos mais nova que o homem, será que esse velho não tem vergonha de namorar uma garota mais nova que sua filha? Um idiota se acha que ela gosta dele, Mara só quer luxo.

Faço um teste e envio uma mensagem para ela, uma foto deles se beijando em público, no restaurante.

"Parabéns, seu novo namorado combina com sua aparência"

Sim eu não pego leve, alfinetar e comigo mesmo, estou fervendo de ódio.

Ela abre a mensagem e se desespera, não a deixo escapar é hora do chute. Mulher promíscua eu a tratava com tanto carinho, sempre fazendo seus gostos, minha garganta embarga, raiva, magoa me perturbam.

Sigo mantendo uma frieza que não existe em meu coração.

_ Olá como vai Oswaldo, que surpresa vê-lo aqui.

O homem sorri, se sentindo a última batata do pacote, agarrado a cintura da minha noiva ou melhor ex-noiva.

_ Travis, como vai?

_ Ótimo, melhor impossível. Sou sarcástico e faço isso olhando para ela.

A sem vergonha, pula no lugar se afasta do homem e diz a típica frase mentirosa:

_ Cristhian, não é o que você está pensando, eu posso explicar.

Olho no fundo dos olhos dela, e sorrio profundamente magoado.

_ Não precisa, cortamos aqui nossa relação, ah e, esqueça aquele cruzeiro no final do ano, está cancelado.

_ Mas Cristhian você me deu de presente de aniversário.

_ O que está acontecendo aqui?

_ Bom seu Oswaldo, essa mulher é uma oportunista, e até ontem era minha noiva, mas agora está como uma prostituta se esfregando no senhor, sua conta possui mais dígitos que a minha.

_ Isso é verdade? O homem não gosta.

A falsa choraminga, e nega.

Abro nossa última conversa e mostro a ele. Nela Mara avisa que vai tomar sol na piscina com as amigas e somente no outro dia poderemos nos encontrar, pois ela precisa de umas coisas da boutique do shopping.

Ele devolve e assente, pego meu aparelho e saio sem esperar, não quero ouvir a voz daquela traidora nunca mais na vida, eu fui tão idiota, todos em casa me alertando.

_ Senhor sua refeição está servida.

Toco o ombro do garçom e aviso.

_ Meu caro, perdi a fome, pode... Olho aí redor e vejo uma moça do lado de fora, maltrapilha olhando para dentro, isso me corta o coração. _ Pode embalar para viagem.

Vou até a porta e espio, então me aproximo e converso com ela.

_ Moça está com fome?

_ Sim, muita. Ela responde com os olhos marejados e entendo que é a fragilidade da situação.

_ Espere aqui, não vão te aceitar lá dentro, mas pedi comida para viagem.

Ela junta as mãos e agradece.

Minutos depois meu almoço perdido ganha um sentido muito melhor, a caridade.

O garçom traz a refeição perfeitamente embalada e pago, deixando uma bela gorjeta pelo inconveniente. Carrego a refeição e entrego a garota na porta.

_ Tome, é seu, bom apetite.

_ Obrigada, o senhor é um anjo.

"Não, não sou, se ela soubesse a vontade de fazer alguma maldade agora, com o tanto de raiva que estou sentindo..."

_ Disponha moça.

_ Sara, meu nome é Sara.

Quando ela fala o seu nome, sinto que ela precisa de ajuda e sinto de enviá-la a Marcos, que ajuda os moradores de rua.

Então me viro e lhe digo.

_ Vá até a rua Bonavita, lá tem um restaurante que poderá entrar Sara, eles são cristãos.

Seus olhos brilham e ela assente, prestou atenção no que eu disse, espero que dê certo, agora não estou com cabeça para fazer mais do que isso, preciso de um momento sozinho.

De volta a empresa entro na minha sala, não consigo me concentrar, saio e bato na sala do meu pai.

_ Pai posso entrar.

_ Claro meu filho. Seus olhos encontram os meus e ele percebe.

_ Você chorou?

Assinto.

_ O que aconteceu? Ele fala meio desesperado.

Aperto a parte entre os olhos e revelo a dor mais humilhante para um homem.

_ Mara me traiu.

_ Aquela lambisgoia.

Ele fecha às mãos em punho.

_ Como descobriu?

_ Bem de repente hoje, resolvi ir almoçar no palace real, então a encontrei lá, aos beijos e esfregação no nosso investidor, Oswaldo Maya.

_ Você não perdeu a oportunidade de dar lhe o chute que ela sempre mereceu, não é filho?

_ Não, eu o fiz, está tudo acabado, traição não tem perdão pai.

_ Exatamente, quem traí não ama filho.

Então ele faz o que um bom pai faria, se aproxima e me abraça, como um menino acaricia meus cabelos, meu pai não tem noção alguma da nossa idade e nos dedica o mesmo amor de vinte anos atrás, talvez seja mais ainda. Algumas lágrimas caem, coisa que a muito tempo não acontecia, mas que são necessárias, meu coração está doendo nesse momento.

"Filho, não sabemos porque algumas coisas ruins acontecem,  mas como cristãos sabemos que Deus um propósito para tudo nesta vida, as vezes nossos planos são vazios, sem futuro, como seria se casar com a moça interesseira, mas com certeza ele tem uma boa mulher guardada para você, um lindo futuro e próspero."

De alguma forma as palavras sussurradas do meu, parecem um oração que me aquece o coração e me dá um pingo de esperança.

_ Vou para casa pai, preciso me recompor, homem não chora.

_ Está enganado, pedra não chora, homem chora, depois ergue a cabeça, estufa o peito e se torna dono das rédeas da sua vida, com ajuda de Deus é claro.

Concordo, dou tapinhas de gratidão no ombro do meu pai e saio, mas antes de tocar na maçaneta me viro e lhe digo:

_ Eu te amo pai, obrigado!
_ Também te amo filho, estou aqui por vocês.

Sigo carregando a decepção da traição em meu peito e sabendo que é uma ferida que vai levar tempo para sarar. 

Capítulo 3 - Fada madrinha.

SERENA

Aí não acredito que vou fazer isso, mas pelo bem de Harry eu faço qualquer coisa. Crio coragem e ligo.

O telefone toca, uma, duas e quando vai repetir o toque a terceira, que seria o limite para mim, ela atende.

_ Oi Serena, como vai querida?
_ Está tudo bem, e com a senhora?
_ Tudo ótimo, graças a Deus, e esse menino esperto aí, como está?
Olho para Harry, correndo no parquinho do prédio e gritando aos quatro ventos que ninguém vai o pegar, sorrio, sua inocência infantil me enche de coragem.
_ Está cheio de energia, correndo com as crianças.

_ Que maravilha, e você querida, faz tempo que não liga.
Engulo o nó, outra demissão.
_ Fui demitida outra vez, a dona de equipe de garçom disse que não posso sorrir para as pessoas, vê se pode, eu só estava sendo gentil.
_ Ah mas isso está me cheirando concorrência, ela se sentiu ameaçada, você deve ter recebido atenção do homem errado.
Dou uma risadinha, realmente o Chef com quem estávamos trabalhando era famoso e me deu muita atenção, pobre homem, não sabe que a última coisa que eu quero é um homem no meu pé.

_ Sim um novo Chef de cozinha, mas não dei atenção para ele, eu sei o meu lugar.

_ Não se preocupe Serena, para sua sorte, Cristhian está a procura de uma secretária.

_ Secretária!? Meu coração dispara, esse sempre foi o meu sonho, e agora que terminei o curso, é tudo que preciso, uma oportunidade. Meus olhos lacrimejam e minha voz embarga.

_ Está falando sério Oriana?

_ Sim, muito, quando pode começar?

_ Hoje mesmo se for preciso, é tudo que mais quero.

Sua risada se propaga pelo telefone e também sorrio.

_ Tome seu tempo, vamos fazer umas compras de roupa social para o trabalho e segunda feira você começa, certo?

_ Combinado.

Deixo Harry na creche e sigo para o café onde combinamos de nós encontrar.
Avisto minha amiga ( fada madrinha) Oriana sentada numa mesinha próxima a janela do café, sorrindo para mim como se fosse ela a conseguir o emprego dos sonhos.

_ Oi, Tudo bem com você?
_ Oi querida, tudo ótimo, e você como está?
_ No momento? Empolgadíssima, não é todo dia que se encontra uma fada madrinha por aí, que te arranja o trabalho dos sonhos.
Ela ri e argumenta.
_ Sabe eu entendo sua alegria querida Serena, mas confesso que seu chefe anda meio rabugento, é um ótimo rapaz, eu o criei com muita honra e amor ao próximo, mas ultimamente ele anda fora da curva, então vá pronta para enfrentar um chefe exigente.
_ Filho da senhora? Ele é jovem?

Eu a bombardeio com perguntas, o medo de ser um mulherengo, sem vergonha, me faz murchar um pouco.

_ Sim, meu filho, tem trinta e dois anos e calma, não pense besteira, ele é um homem que respeita mulheres, ele apenas anda amargurado, teve uma decepção, mas vai passar.

Fico pensando se o meu chefe é um homem bom e educado, do tipo que sempre sonhei em namorar, minha nossa que bobagem, não posso me apaixonar pelo meu chefe, aliás ele pode até ser casado ou feio, enfim há de ter alguma coisa que não vou gostar, eu sempre me implico com meus chefes.

Sorrio com ar displicente, como se não estivesse preocupada a um minuto atrás, antes que estrague minha oportunidade de ser secretária.

_ Ah tudo bem, eu só estava curiosa mesmo.

_ Se quer saber, Cristhian é divertido e amoroso, apenas não está numa fase boa, mas as fases ruins também passam.

Toco sua mão e concordo.

_ Sim, elas passam, espero que dê tudo certo para nós, digo no trabalho.

O risinho divertido da dona Oriana não me passa despercebido, o que será que ela pensou.

_ Eu espero que sim Serena, quantos anos você tem? Nunca te perguntei.

_ Tenho vinte e três, logo farei aniversário, um pouco antes do natal.

_ Ótimo, é que você parece tão jovem, se fosse julgar pela aparência, chutaria que tinha apenas uns dezoito anos.

_ Ah que bom, isso significa que não estou envelhecendo tão rápido, não é mesmo?
_ Sim, para nós mulheres, isso é maravilhoso.
_ Quer algo para comer? Só ficamos conversando, com esse mísero cafezinho, que falta de atenção a minha.

Faço um gesto com a mão, nego, eu nunca gostei de comer pela manhã, embora todos os nutricionistas me condenem por isso.

_ Não precisa, eu prefiro ficar só no cafezinho mesmo.

_ Então podemos ir as compras?
_ Claro vamos lá.

Estou ciente que vou usar minhas economias, mas é por uma boa causa.

...

_ Olha Serena que conjunto risca de giz charmoso.
_ Lindo mesmo, mas é um pouco caro para mim.
_ Sere, quando foi que eu disse que você vai gastar alguma coisa?
_ Mas...
_ Mas nada, fica nas despesas de uniforme da empresa.
_ Dona Oriana, isso não é uniforme, e roupa chique, de marca! Digo alarmada, meu deus, o tal Cristhian vai me achar uma aproveitadora.
_ Não importa, é para o trabalho, você vai trabalhar na Foster technology, não pode ir com roupas simples, receberá gente importante, não vou deixar que se envergonhe por isso.

Meu coração se aquece, dona Oriana pensa em tudo, inclusive no meu bem estar, largo as roupas de qualquer jeito e a abraço, grata por ela me tratar com tanto carinho, como uma mãe, faz tempo, muito tempo, que alguém se importa comigo, me ajuda e me protege. Oriana é uma alma bondosa e doce, sempre serei grata a ela.

Chego em casa e encontro Harry brincando com seu novo lego na sala do nosso apartamento.

_ Mamãe!
Ele corre para me abraçar e o recebo em meus braços, sinto o cheirinho aconchegante nos seus cabelos, a fragrância de xampu infantil.

_ Tem presenti mãe?

Faço suspense, então puxo um sacolinha, com um mimo para ele, dentro dela tem uma toalhinha com a imagem do personagem dos gamers que ele mais, gosta (s.Mario) e um bonequinho novo para sua coleção.

Seu gritinho de alegria me enche de satisfação, é tão bom ver meu filho feliz.

_ Tudo meu?

Afirmo, acenando para ele.

_ Brigadu mamãe! São esses momentos que me fazem derreter de amor por Harry.
_ Por nada, que bom que gostou filho. Afago seu cabelinho, com ele saindo em disparada, na direção do seu quarto.

Suspiro, é bom esse sentimento, de que tudo está bem. Olho as sacolas na entrada e volto pegá-las depois dispenso a babá.

_ Obrigada, você pode ir.
_ Eu que agradeço. Diz a moça com timidez e se vai, seu pagamento foi feito na agência, no momento que a contratei.

Quando vou tirando as roupas das sacolas e organizar no meu guarda-roupas, encontro um vestido lindo, não é um padrão para trabalho e estranho, então resolvo ligar para perguntar se não era de Oriana e veio por engano nas minhas sacolas.

Ligo e a espero atender.

_ Oi Sere, está tudo bem?
_ Oi, sim só uma dúvida mesmo, apareceu um vestido vermelho de festa nas minhas sacolas, veio por engano, é seu?

_ Não Serena, este eu escolhi, para algum evento que possa surgir na empresa a noite, ou talvez, algum jantar de negócios que o Cristhian precise do seus serviços.

Engulo em seco, sem graça, sem rumo, não faço ideia de como seria um jantar de negócios. Finjo naturalidade.

_ Ah claro, eu ainda não tenho experiência com esse tipo de trabalho, mas vou fazer o meu melhor.

_ Você vai executar um excelente trabalho menina, eu confio em você.

_ Obrigada e até segunda, ligarei para te informar como foi meu primeiro dia de serviço, afinal com quem vou fazer fofoca.
_ Vou esperar ansiosa.
Rimos, Oriana se tornou uma excelente amiga.

Capítulo 4 - Secretária sincera.

Acordo mais cedo que nos outros dias, grato por não sentir aquele aperto no peito, a dor da traição me pisoteou por meses, mas hoje, só sinto esperança, um novo trabalho, uma função dos sonhos, e o apoio de uma família que é benção.

Tomo um banho revigorante, me olho no espelho e faço a barba, o cabelo ajeito no gel, mas preciso cortar. Meus olhos tem um novo brilho, meu coração bate cheio de ansiedade pelo que me aguarda.

Desço para a sala de jantar de estão todos a mesa, meus familiares e a bonitinha do meu irmão, fico feliz por ele, sempre o achei tímido e reservado demais, me preocupava com seu jeito solitário.

_ Bom dia família!
Ao perceberem meu timbre animado, todos respondem devolvendo o entusiasmo.
_ Nossa Cris, até parece que vai casar?
Colin faz graça e rimos.
_ Pois é, achei uma noiva adequada, a sala do CEO.
_ Nem brinca filho, não vai se tornar um workaholic. Mamãe diz apavorada.
Não respondo porque acho que trabalhar duro pode apagar minhas mágoas.

Na mesa em casa é assim, conversamos, mastigamos, provocamos e consolamos, sempre vivemos num clima feliz e unido.

_ Filho a sua secretária chegará às sete e meia.
_ Nossa mãe porque fazer a moça entrar tão cedo?
_ Serena tem um filhinho de três anos, é mexicana, e precisa sair às dezessete e trinta para pegar o pequeno Harry na creche.
_ Será que vai dar certo mãe e se ela começar a faltar por causa da criança.
_ Bom você se vira que não nasceu quadrado.
_ Mas o pai da criança não pode pegar esse menino?
Mamãe da de ombros e encerra o assunto com outra pergunta totalmente fora de contexto para meu pai, porque mulheres conseguem mudar de assunto assim?

_ Colton meu amor, hoje tem chá beneficente na igreja, pode me levar por favor?
_ Claro minha abelhinha, o que eu não faço por você?
O charme barato do meu pai é o que basta para dona Oriana, a romântica incurável derreter, o pior é que meu pai ama mesmo ela como um louco.

Me despeço da família e saio com o propósito de iniciar meu trabalho na Foster, faço uma oração, há dias, eu não me sentia leve, minhas orações estavam no automático, pois cresci dentro de princípios religiosos, então faz parte do meu dia orar de duas a três vezes e sempre que me sinto sucumbir as provações da vida.

Entro em minha nova sala na sede Foster, deixo minha maleta ao lado da cadeira no chão, inclino minha cabeça para pedir ao Senhor que ilumine minha mente, abençoe minhas atitudes e que eu possa ser útil a Ele, antes de alcançar meus sonhos.

Minha porta se abre de supetão interrompendo- me, uma mulher jovem com traços latinos adentra minha sala como ventania, olha-me com tom de reprovação, pai amado o que eu fiz de errado!

_ Senhor Travis me perdoe entrar sem bater, mas me disseram que o senhor chegaria às oito e não às sete, nem que tinha o péssimo hábito de colocar a bolsa no chão, isso dá azar sabia?

Começo a me divertir, mas me mantenho sério, ouvindo os disparates dessa tampinha.

Arqueiro minha sobrancelha e ela então tira o pó imaginário da saia e se apresenta.

_ Prazer sou Serena Sanches, sua secretária, estou a disposição senhor Travis.

Então me levanto e respondo ironicamente.
_ Bom saber senhorita furacão, prazer em conhecê-la, sou Cristian Travis.
Ela sorri meio envergonhada e segura minha mão.
_ Me desculpe, sou um pouco espontânea.
_ Tudo bem, desde que seja uma secretária eficiente, estamos entendidos.

A baixinha sorri pela primeira vez e percebo que ela é uma mulher bonita. Mas nada de pensar em mulher, agora o foco é crescimento profissional, não sou hábil para conhecer mulheres, a última seria minha esposa mas descobri ser uma pessoa avarenta, ambiciosa e traidora.

Volto aos papéis da minha mesa, leio cada contrato, e analiso a possibilidade de algumas parcerias, e incrivelmente sinto-me renovado, fazer as negociações é um desafio revigorante, aprecio colocar em prática minhas estratégias para convencer as pessoas e ainda saírem felizes com nossos negócios.

Serena entrou várias vezes na minha sala para comunicar reuniões e conferir visita de novos clientes, trouxe café e estava bem gostoso, segundo ela o café da máquina é uma porcaria e ela mesmo passou o café servido. É uma garota eficiente e sincera, qualquer outro CEO teria demitido a tampinha nesse primeiro dia, porque não é muito profissional dizer tudo que pensa, mas, eu prefiro as verdades, portanto pra mim ela é perfeita, digo para empresa onde trabalho.

_ Senhor Travis com licença, tem uma moça na recepção que insiste em falar com o senhor pessoalmente, afirma ser sua noiva.

Dou um pulo, aquela oportunista vai saber o que ela significa pra mim, uma ideia ilumina minha mente, com certeza não é certo, mas eu vou pecar dessa vez, que Senhor me perdoe mas vou mentir.

_ Serena, preciso de um favor seu.
_ Sim senhor o que precisar.
_ Perfeito, de agora até essa mulher na recepção ir embora, você vai fazer papel de minha namorada, com direito a chilique, eu quero que ela entenda que não tem volta, e que ela já não me interessa.
_ Minha nossa, eu não acredito, porque cargas d'água essas coisas acontece comigo?
Fico ansioso esperando sua resposta e tampinha diz:
_ Tudo bem, vamos decepcionar a megera.
Sorrio e pego o telefone.
_ Deixe-na subir.
_ Cristian a partir de agora vou atuar, nada de caras e bocas.
_ Certo, faça seu melhor.
Escutamos passos de salto no corredor e a tampinha se apoia no meu peito e me beija, não há nada de teatral, não me lembro de ter sentido um beijo tão gostoso antes, ela segura minha nuca e enibriado fecho os olhos.
_ Cristian quem é essa mulher?
A nojenta da minha ex aparece na porta, seguro a cintura de Serena e digo:
_ A noite a gente continua amor.
Levanto a cabeça e vejo Mara, chocada, querendo chorar, lamenta.
_ Cris achei que você me amava.
_ Ah você se enganou, eu me enganei, foi só um erro, o que faz aqui, que eu lembre não te convidei.
_ Bem vim te parabenizar, afinal você agora é o CEO.
Arqueio a sobrancelha.
_ E?
Ela fica sem graça e descaradamente diz;
_ Pensei que pudéssemos voltar, afinal seu status é melhor do que eu esperava, achei que ter uma mulher como eu faria todo sentido.
_ Escuta aqui sua rapariga, você não acha que está sendo muito vulgar querendo o homem de outra não?
_ Você deve ser só uma secretária assanhada dando em cima do CEO.
_ Engano seu Mara, Serena é minha namorada, a secretária nos deixou a sós e você atrapalhou, como sempre.
_ Cristian!
_ Como ousa me trocar por essa baixinha!
_ O que você disse boneca de cera? Você vai saber quem é a baixinha agora.
Pensei que estávamos encenando mas Serena está vermelha e muito brava, poxa ela está ainda mais bonita agora.
_ Amor faz alguma coisa! Mara apela.
_ Não tenho nada com você, vá embora.
_ Está ouvindo sua perua artificial? Some daqui ou vou arrancar seus cabelos.
Minha ex nem olha pra trás e sai correndo, sorrio, Serena é tudo que eu precisava na vida.
Quando olho para minha secretária ela está chorando. Toco sua mão preocupado e arrependido.
_ Desculpa Serena, não queria que ficasse assim.
_ Não é nada, já passou, crise boba.
Puxo ela para perto e a abraço, afago seus cabelos.
_ Calma, você foi incrível, obrigado.
_ Obrigada, tudo pelo meu chefe.
_ Assim vou abusar.
_ Me conta porque se separaram.
_ Ela me traiu, trocou-me por um cara que ela pensava ser mais rico.
_ Que infeliz, merece sofrer, essa lambisgoia!
_ Bom todos nós colhemos o que plantamos, confio na justiça divina.
_ Você é um bom homem, ela não te merece.
Terminamos o dia, amigos, Serena tomou minhas dores e não quis o cheque por ter que fingir ser minha namorada.



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